quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Influência da música na moda

Dos anos 50 aos anos 90, uma passagem pela influência da música sobre a moda
Alguns estilos musicais são uma verdadeira febre. Agradam tanto que extrapolam todos os sentidos, refletindo-se no comportamento e no vestuário. Veja aqueles que ficaram marcados nas décadas referentes.

Elvis Presley – Anos 50
O Rei do Rock mexia o corpo como um demônio, segundo os padrões da época, e sua liberação melancólica e sexual atraía diretamente o público jovem, enquanto que horrorizava os mais velhos. Fez moda com seu estilo diferente. Todos queriam se parecer com o homem considerado o maior símbolo do rock entre 1956 e 1963. Seu topete e as grandes costeletas formavam seu estilo junto ao figurino diferente, marcado por suas jaquetas de couro.

Beatles – Anos 60
Os garotos de Liverpool revolucionaram o mundo do rock com seu estilo musical e mexeram com a moda dos anos 60. O quarteto influenciou jovens do mudo todo. Qual garoto não queria deixar o cabelo crescer como John, Paul, George e Ringo? Até hoje o Beatles serve de inspiração para bandas como o Oasis.

Jovem Guarda – Anos 60
Nos anos 60 a moda era usar a linha era reta, futurista, geométrica e erótica, pois grande parte do corpo aparecia desnuda. Se no início a moda era comportada, rapidamente absorveu os movimentos jovens que ditam a minissaia, incorporados no Brasil pela jovem guarda. As saias encurtaram mais que nunca, bem acima do joelho, e diminuíram até o tamanho da “Hot pants”, shortinho que virou mania na época.

T-Rex – Anos 70
O vocal do T-Rex, Marc Bolan foi o artista que abriu a porta da extravagância do glam rock para outros como David Bowie, Slade, Sweet, e Gary Glitter passarem e ir além. Nos anos 80 diversas banda adotaram o estilo extravagante, marcado pelos cabelos compridos e cheios de volume, roupas exóticas e muita maquiagem, como Mötley Crüe, Poison, Guns ‘n’ Roses e Cinderella, entre outras.

David Bowie – Anos 70
Conhecido como o Camaleão, David ditou moda desde os anos 70. O cantor mudou diversas vezes de estilo, com figurinos criados por ele mesmo e cabelos de cores e cortes exóticos. Na capa do álbum “The Man Who Sold The World”, David está meio deitado e usando um vestido. A androginia que mais tarde seria levada as últimas consequências começa a aparecer e também a chocar.

Kiss – Anos 70
Depois da banda brasileira Secos e Molhados subir aos palcos com os rostos pintados, foi a vez dos roqueiros do Kiss criar sua marca pessoal. A banda é muito conhecida por fazer de seus shows grandes espetáculos, com um figurino especial e grandes efeitos. Cada integrante usa um desenho em seus rosto, sendo mais reconhecidos pelas pinturas do que pelo próprio rosto.

Dancin’ Days – Anos 70
Nos anos 70 a moda dance surgiu com o filme “Embalos de Sábado à Noite”, com o ator John Travolta e no Brasil com a novela “Dancin Days”, com a atriz Sônia Braga. A moda então passou a ser composta por meias de lúrex, sandálias de salto alto, camisas de poliéster com colarinhos grandes e calças bocas de sino.

Madonna – Anos 80
A cantora pop mexeu com a fantasia de muitos homens com sua ousadia nos anos 80. Ela lançou muitos estilos e ditou a moda com seu figurino exótico, formado por roupas sensuais e escandalosas. Madonna é sempre vanguarda, ousadia e personalidade… Ainda hoje é citada como um fenômeno cultural, um símbolo de moda, identidade e atitude.

Michael Jackson – Anos 80
O caçulinha do Jackson Five, o mais talentoso dos irmãos, obteve grande sucesso ao investir em sua carreira solo. Michael Jackson mostrou que além de uma grande voz, também dominava o palco com sua dança. Não contente em inovar com passos rápidos e complicados, o cantor também criou um estilo próprio de se vestir, que contagiou o mundo todo. Michael abusava do brilho e não dispensava as jaquetas pretas, além de seu sapato e das meias brancas.

Blitz – Anos 80
No Brasil, a banda Blitz, que lançou nomes como Evandro Mesquita, Fernanda Abreu e Lobão, marcou o rock dos anos 80. A banda mexeu com o estilo dos jovens com suas roupas coloridas e os cabelos diferentes.

É o Tchan – Anos 90
Nos anos 90 foi a vez do grupo baiano Gera Samba ditar a moda no Brasil. Com suas músicas e danças sensuais, o grupo não demorou a virar febre no país inteiro. Mais tarde teve que mudar seu nome para É o Tchan (nome de uma de suas músicas mais famosas). Composto por duas dançarinas, entre elas a Carla Perez, o grupo influenciou a moda do verão brasileiro com os shortinhos e os tops curtinhos que elas usavam no palco.

Fonte: vvitrine.blogspot.com/.../influencia-da-musica-na-moda.html -

Ana Carolina Violla Basilio

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Como nascem as Tendências

O amarelo foi a cor do Verão e o vermelho será a do Inverno. A emoção e a consciência ambiental estão na ordem do dia. É o que ditam as tendências. Para a Moda e não só. Mas de onde surgem estas orientações? Quem as determina? E porquê?

Antevisão
Qual irá ser a cor da moda? O que se vai usar na próxima estação? Qual é o produto do momento? Hoje, cada vez mais pessoas e empresas estão pendentes das tendências, quando até há bem pouco tempo isso era uma preocupação quase exclusiva dos industriais têxteis e do pronto-a-vestir.

O termo ‘tendência’ está a cada dia mais presente no nosso vocabulário e na nossa vida quotidiana. Pelo menos nos grandes centros urbanos das sociedades ocidentais em que vivemos.

Das passerelles as imagens saltam para as páginas das revistas para revelar o que nos fará mais bonitas e fashion a cada estação. Quisemos percorrer o caminho inverso. Num mergulho profundo no universo da moda e dos produtos de consumo fomos em busca de descobrir como surgem estas tendências, como tomam forma e quem as molda. Como uma verdadeira caçadora urbana, Paula Horta circula pelas ruas de Barcelona munida das suas indispensáveis armas: um bloco de notas, uma máquina fotográfica digital e a enorme curiosidade que muitas vezes a impele ao contacto directo com os seus objectos de observação, mal os identifica. São adolescentes ou jovens adultos que por alguma razão se destacam dos demais, mesmo que seja por um mero detalhe ou adereço personalizado.

Paula veste-se com discrição e dificilmente se destaca na multidão. Isso facilita a sua postura como observadora e torna-a menos ameaçadora quando decide aproximar-se dos seus alvos. Ela é uma coolhunter (ver caixa), atenta aos pequenos grupos, às pessoas que usem algo com um potencial de vir a ser massificado, e trabalha para o The Intelligence Group, uma empresa de marketing e de trend forecasting com sede em Nova Iorque, mas com um exército de caçadores – ditos international reporters – espalhados por todo o planeta. Para além de coolhunters, estas pessoas desempenham também a função de trendspotters, atentas aos comportamentos, ao sentido para onde caminham as tendências no local onde estão situadas, ao que ali se consome e ao que atrai a atenção do público em geral. O seu trabalho todos os meses é diferente mas, essencialmente, todos têm como tarefa destacar no mínimo duas tendências que sintam que estejam a aflorar nas cidades em que se encontram. O material recolhido e compilado é depois analisado nos escritórios centrais por antropólogos, sociólogos, especialistas em marketing e em outros sectores ligados ao consumo e aos novos negócios.

Portuguesa, licenciada em Ciências da Comunicação e especializada em Publicidade, Paula Horta fazia o mestrado em Cultura Visual em Barcelona quando surgiu a oportunidade de fazer este trabalho. Dificilmente seria recrutada para fazer o mesmo em Portugal, destino que nem sempre desperta o interesse destas empresas de marketing e tendências pelo seu tamanho reduzido, pela sua posição periférica e pela limitação da sua influência em outros mercados. Em Espanha, ao contrário, o mercado é maior e estende-se aos países da América Latina de expressão espanhola. E Barcelona é um centro cool por excelência, carregada de estrangeiros e onde fervilha o cenário cultural.

Paula rapidamente se identificou com a actividade que agora desempenha e já não consegue pôr os pés na rua sem observar tudo e todos. Para executar bem o seu trabalho necessita de uma visão apurada e de uma boa capacidade de análise. “É fundamental que consigamos abstrair-nos dos nossos gostos e crenças habituais. Isso não interessa para nada neste trabalho. O importante é conseguirmos anali-sar o que nos rodeia”, comenta. As ruas são o seu campo de trabalho, mas não só. Os eventos de arte, música, as feiras de moda, entre outros acontecimentos, também o são, assim como os blogs, os sites da Internet, os jornais e as revistas em geral. “Sou uma verdadeira junkie das revistas”, confessa.

As tendências, então, não surgem da cabeça de ninguém. Nascem nas sociedades em que vivemos, dos pequenos adereços, dos gestos isolados de grupos restritos, das opiniões quase anónimas mas que catalizam a atenção de muitos, dos pequenos negócios criativos que despontam aqui e ali, de tudo o que se vê e se faz de forma diferente e inovadora, mas também da forma como as sociedades se comportam. Um artista underground, o designer do momento, um músico, um DJ, actrizes e actores, o autor de um blog, uma jovem na rua... Qualquer um pode ser um trendsetter (ver caixa) desde que se destaque na multidão ou desperte o interesse dos demais e que, de alguma forma, a sua atitude ou opinião reflicta as ansiedades do momento.

“Eu não descubro nada novo”, afirmou a respeitada investigadora de tendências holandesa Li Edelkoort numa entrevista publicada no site da Symrise, grande produtor alemão de fragrâncias e sabores. “Observo e interpreto o comportamento e o estado de espírito das pessoas, e aponto o que vejo. Actuo como uma catalizadora do espírito do momento e transformo-o em tendência o mais cedo possível.” Li Edelkoort busca constantemente respostas para perguntas como: Como será a nossa vida no futuro? O que irão querer as pessoas? Que desejos e necessidades terão? Que características um produto deverá ter para alcançar o sucesso no mercado? Como inspiramos as pessoas a comprar coisas?

Mas como é que tudo isso surgiu? Depois da Segunda Guerra Mundial houve um incremento do pronto-a-vestir. Na década de 60 verificou-se uma grande democratização de hábitos e a indústria do vestuário deu um salto significativo. Com isso, houve não só a necessidade de modernizar-se como também de ajustar a produção a uma quantidade crescente de consumidores assim como aos seus gostos. Prever quais seriam os produtos preferidos do público significava assegurar que não haveria ruptura de stocks, ou seja, que as peças não iriam esgotar-se ou não faltaria matéria-prima para as produzir. Assim, a opção foi, “em vez de trabalhar da fábrica para o mercado, fazer o sistema inverso, do público para a fábrica, a partir de uma observação mais atenta das pessoas, dos seus hábitos, da arquitectura e de diversos outros fenómenos socioculturais”, observa Greta Statter, consultora de moda e de tendências de estilo de vida.

Surgem nessa altura os primeiros observadores de tendências. Eram, em geral, pessoas viajadas, com boa bagagem cultural e interesse pelo mundo da moda, que davam indicações a nível da gama de cores a ser utilizada e que desenhavam alguns esboços de formas e modelos. Nessa altura são criados também os primeiros cadernos de estilo. “Françoise Vincent foi, provavelmente, a primeira a fazer um mapa em que cruzava circunstâncias económicas, históricas, políticas e artísticas”, comenta Greta Statter. Em 1966, Françoise Vincent, com o apoio de industriais franceses, criou a Promostyl, um dos mais antigos gabinetes de estilo, que hoje compartilha o cenário e a influência com outros gabinetes como o Peclers Paris, a Agence de Style Nelly Rodi, o Studio Edelkoort, entre os mais tradicionais, assim como com as mais jovens empresas de investigação e inteligência (intelligence companies) como a Faith Popcorn’s Brainreserve, a Look-Look e a The Intelligence Group. “Estes gabinetes cheiram o l’air du temps e são capazes de discernir o que vai ser importante para o futuro”, aponta Greta Statter.

E da mão-cheia de sugestões dos primeiros tempos, o trabalho dos observadores de tendências foi-se tornando cada vez mais complexo. Ainda que os métodos de trabalho nem sempre sejam exactamente os mesmos, hoje pouco diferem dos utilizados inicialmente. Baseiam-se nas viagens e compras no estrangeiro, sobretudo quando se trata de gabinetes dentro das empresas de produção, ou em profissionais estrategicamente situados em distintas partes do globo, no caso dos gabinetes de tendência particulares. Contam com uma boa dose de intuição mas também com o apoio de profissionais vocacionados para analisar a sociedade e o significado dos sinais recolhidos.

O trabalho não se resume a observar as pessoas na rua para, mais tarde, desenhar para elas. Vêem-se os trabalhos de designers, artistas plásticos, arquitectos e outros criativos de cada local. Por isso fala-se cada vez mais de lifestyle – fenómeno mais global – que alia também urbanismo, arte e design”, refere Pedro Marques Mendes, representante da Promostyl em Portugal. E acrescenta: “Nesse âmbito, Portugal tem alguma coisa para oferecer – temos boa afirmação internacional sobretudo a nível da arquitectura e do design de equipamentos.” Pedro Marques Mendes destaca os designers Fernando Brízio, Miguel Vieira Baptista e Ricardo Ralhete, “que não são produtores em grande escala mas são observados e influenciam”. Destaca também Siza Vieira e outros arquitectos nacionais. E, no âmbito da moda, chama a atenção para Felipe Oliveira Baptista, Pedro Waterland e Luís Buchinho. “Os gabinetes de tendências já repararam neles.”

A Concertação Internacional da Cor acontece em Paris todos os anos, duas vezes por ano, desde há mais de duas décadas. Este é um dos grandes acontecimentos a nível das tendências e reúne gabinetes de estilo, estilistas independentes, fabricantes de pigmentos, industriais têxteis e as suas associações. Neste encontro define-se a gama de cores para cada estação. “Hoje já estão disponíveis as cores para o Inverno de 2009/2010”, observa Pedro Marques Mendes. “As decisões levam em conta o gosto do público mas também outros interesses em particular, como promover uma determinada cor – um pigmento que não se usa há muito tempo ou que é muito caro, por exemplo”, observa.

Pedro Marques Mendes traça o caminho destas decisões. “Definida a gama de cores, as associações informam os seus membros e os gabinetes de tendências fazem o desenvolvimento criativo dos usos desta gama.” Os cadernos de estilo/tendências produzidos pelos gabinetes de tendências são, na sua maioria, o cruzamento final do trabalho de campo e a sua respectiva análise com a gama de cores. São publicados, na grande maioria dos casos, cerca de duas vezes por ano, com previsões com dois ou três anos de antecipação. Esses cadernos apresentam cores, texturas e formas para cada estação, mas com a preocupação de abarcar os vários públicos-alvo – mulheres, homens, crianças, jovens, estilos de vida, conceitos, entre outros. Para melhor ilustrar as tendências que referem, recorrem a diversos elementos: amostras de tecido e de outros materiais de produção, esquissos de modelos e objectos, recortes de imprensa e retratos de personalidades de interesse (artistas, designers, arquitectos, estilistas e opinion makers, por exemplo).

Se inicialmente este era um serviço prestado quase exclusivamente para a indústria têxtil e de pronto-a-vestir, hoje é almejado pelos mais variados sectores de produção – dos cosméticos à decoração, dos automóveis aos telemóveis, dos alimentos aos restaurantes e hotéis. Empresas como a Swatch, a Fiat, a Dupont, a Nokia, a Renault, e tantas outras, compram esta informação, estendendo a influência a um amplo leque de produtos de consumo e não apenas à moda.

“Este serviço torna-se cada vez mais indispensável para a sobrevivência de marcas e empresas. São raras as que não compram estes indicadores de tendências e há mesmo empresas que recorrem aos produtos de mais do que um gabinete”, afirma Pedro Marques Mendes. O gabinete que representa lança 15 cadernos diferentes por semestre e há quem invista a sério e os compre todos.

A informação dos gabinetes de tendências é a base de trabalho para as direcções de design e marketing das empresas clientes. As de design cruzam-na com as suas experiências pessoais e desenvolvem os produtos com um cunho próprio. As de marketing trabalham nas estratégias de produto, nos conceitos a utilizar para a sua promoção.

Mas a necessidade das tendências tem também a ver com outros factores económicos. “O capitalismo é, por definição, um sistema que aspira à expansão – dos lucros e, por arrastamento, dos mercados. Para sobreviver, tem de se renovar e, para se renovar, é necessário garantir o fluxo contínuo, quando não a expansão, do que é produzido, isto é, do consumo. Uma das formas de garantir que vamos comprar mais um par de calças consiste em garantir a obsolescência – pelo menos relativa – das que já possuímos”, explica Ana Brandão, assistente do Departamento de Sociologia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, que integra uma das equipas de investigação do Grupo de Cultura e Estilos de Vida. De acordo com esta socióloga, “a moda cumpre o papel fundamental de garantir essa obsolescência que assegura o consumo na medida em que procede à revisão contínua da ‘adequação’ desses produtos. Deixamos de vestir o que não está na moda”.

Essa obsolescência passa pelo aproveitamento de necessidades elementares do ser humano – como a necessidade de pertença e de singularidade – para promover a expansão das áreas de negócio. “Os produtos de consumo geral e a oferta cultural são elementos constituintes dos estilos de vida. Não nos distinguimos ou assemelhamos socialmente apenas pelo que vestimos mas também pelo que fazemos, pelo que comemos, pelos espectáculos a que assistimos... O que o capitalismo faz é explorar aquelas necessidades básicas pela identificação de novas áreas de aplicação das suas técnicas”, comenta a socióloga.

A sociedade está mais complexa, é verdade. E as tendências confortam. “As marcas passam a ser como famílias”, declarou o guru das tendências David Shah, numa entrevista dada à revista Época brasileira. De acordo com este especialista, as pessoas passaram a criar identidade por tribos. “Não importa a sua nacionalidade, se você usar um traje de Yohji Yamamoto como eu, nós pertencemos à mesma tribo.” Shah explica que hoje já não existem mais trabalhos para toda a vida, as ideias tradicionais de casamento e família parecem desaparecidas. “Por isso estão tão interessadas nas tendências: porque não sabem o que vai acontecer com o mundo. As marcas passaram então a tentar desenvolver um relacionamento com o seu consumidor, construindo um elo emocional. “Antecipar tendências consiste, basicamente, em prever as possibilidades de desenvolvimento futuro – em termos profissionais, de moda, etc. – com vista a, de algum modo, estabelecer uma relação securizante face ao próprio futuro antecipado. É, neste sentido, uma tentativa de lidar com o elemento imprevisível, de reduzir a consciência do risco, ou, pelo menos, a ansiedade que lhe está associada”, refere a socióloga Ana Brandão.

E o que marcará os novos tempos? As tendências decorativas, o biológico e o tecnológico são os conceitos do futuro próximo. É no que acredita Pedro Marques Mendes. Paula Horta acredita também na costumização dos produtos. “Uma forma de transformar um produto massificado em único”, observa.

Tudo o que vem da natureza terá um espaço privilegiado, desde as cores às formas de fósseis, defende o grupo Edelkoort. De acordo com a investigadora holandesa, pressente-se o ressurgimento dos produtos locais, assim como da cozinha regional. “Estamos cansados de ver as mesmas marcas por todo o mundo, estejas em Nova Iorque, Tóquio ou São Paulo.” As novas marcas conquistarão alguma frescura se combinarem os seus produtos de cariz global com um toque local.

O guru David Shah acredita que estamos a entrar numa nova fase de comportamento dos consumidores, que denominou Nu Austerity (nova austeridade). “O comprador de moda, antes preocupado com a imagem de ostentação, passou a preocupar-se com questões maiores como a sustentabilidade, as alterações climáticas, a pobreza global, o comércio ético, etc.”, escreveu na última edição da revista Textile View, publicação especializada em tendências da qual é responsável.

A procura do significado é o que aponta Anne Lise Kjaer, do gabinete de tendências Kjaer Global. “Acredito que a busca do significado será o propulsor nuclear do século XXI para as sociedades ocidentais, uma sociedade imbuída com uma tremenda escolha material e carregada de uma abundância sem significado”, escreveu para a mesma edição da revista Textile View. A especialista aponta para os produtos potenciados pela emoção e a ética como o meio para chegar com significado às pessoas no futuro.

Fonte:http://forum.g-sat.net/archive/index.php/t-97347.html

Shirley Neves Oliveira
Jessika Santos

Enquête: Tendências da Estação

"Explosão étnica, modern woman, olhar vintage e romantismo são os principais temas para as coleções de verão 2010

O mundo da moda não pára... ainda bem! É um dos setores que continua se movendo e mostrando que apesar da atual situação mundial, consegue enxergar o lado positivo e transformar a crise em moda. Debochada ou não, moda é o reflexo do mundo expressa em forma de tecidos, aviamentos, mão de obra e principalmente, muita criatividade e percepção.
Já se passaram os desfiles de Londres, Nova York, Milão, Paris, e por último os do Rio e São Paulo e já se nota o destino das tendências para a primavera-verão 2009-2010.





Explosão étnica: Uma viagem pelos bordados, brilhos e coloridos indianos e sua cultura. A influência africana também faz parte desta temática seguindo o estilo safári chic com maxi-dresses, macacões curtos e utilitários, vestidos-camisa com amarrações, bolsos deslocados e ilhóses.

O guarda-roupa executivo quebra com todo o formalismo trazendo um tropicalismo urbano em uma elegante combinação de alfaiataria andrógina com toques étnicos e gráficos para viajantes do mundo.

Aqui ainda se misturam os vestidos de deusas gregas, longos ou curtos com drapeados, torções, amarrações e o look hippie com pantalonas de cintura alta. Bordados e valorização dos trabalhos manuais como tricô e patchwork. Estampas tribais e referências animais são os pontos altos desta temática, onde plumas e coloridos saturados mostram uma vibrante e jovem tendência.

São visitadas culturas americanas, africanas, indianas e do Oriente Médio, resultando numa explosão étnica com cores muito intensas. O entorno selvagem, desértico e inóspito dessas regiões resulta em imagens fortes.


Modern Woman: Modernidade e urbanidade com referências esportivas. Baseado no sportswear americano dos anos 70 e 80 e conectado com as classes trabalhadoras das grandes metrópoles e na globalização, o tema aborda novas soluções simplificadas para a elegância urbana.

O culto ao corpo se mescla ao sportswear renovado, moderno e contemporâneo. Referência sexy com inspiração na música hip hop traz à tona o retrato de uma cultura urbana, emergente nas classes populares das metrópoles. Mistura do esporte americano com culturas étnicas globais.

Com uma linha que mescla o casual e o conforto, tecidos tecnológicos, cores quentes com tons neutros, couros macios, matelassê. Os clássicos são encarados de maneira inédita sem deixar o visual maçante. A alfaiataria pede tecidos naturais, amassados, misturas de lã e linho acentuam sua identidade urbana com toque brilhoso. Cambraias e tecidos tecnológicos aparecem com suavidade.





Olhar Vintage: O passado é importante no presente para recriar o futuro. Um clima nostálgico é trazido para os novos tempos. A moda dos anos 2000 tem olhado para trás, se apropriando do retrô. A tendência traz influências que se chocam e se harmonizam.

Um olhar para a moda antiga em detalhada releitura dos clássicos dos anos 40, 50, 60, 70, 80 e 90. O design retrô brinca com looks personalizados inspirados na improvisação de peças e estilos. A Art-Déco é inspiração. Formas geométricas, silhuetas justas e assimétricas ou então fluidas e poéticas. A tendência é vanguardista e sexy, fetichista e glam.

É o reflexo de um mundo moderno dotado de tecnologia que busca o saudosismo de décadas passadas para expressar os sentimentos. Enfoque para o jovem de hoje que vive plugado na internet, I-pod, My space, Youtube, e que pertence a um universo on-line onde comunidades se reúnem e trocam informações sobre moda, música, sustentabilidade. O tema agrada consumidores urbanos que defendem a liberdade de pensamento, a diferenciação e vivem a vida de forma criativa e divertida. Esse público quer criar uma cultura própria, tem atitudes espontâneas e positivas, quer viver o aqui e agora, curte arte de rua, grafite.


Romantismo: A ciência e o design buscam constante inspiração na intuição e misturam o real ao imaginário resultando num conceito futurista-humano-emocional. Exalta-se o natural e celebra-se o artificial misturando influências históricas medievais, renascentistas, natureza orgânica, alta performance e tecnologia.

Tendencinhas góticas, boêmias e românticas se unem à tecnologia e resultam em propostas futurísticas e sustentáveis. Da arquitetura que marca presença há algumas estações, novas formas e inovações tecnológicas, sempre com um pé no futuro e uma pergunta na cabeça: 'O que fazer com a moda a partir daqui?'

Laços, flores e delicadas rendas surgem para evidenciar essa tendência, juntamente com os tons suaves. Dobras e pregas, assim como babados, aparecem para acrescentar volumes, especialmente na parte superior do corpo. Aqui o que importa é ser feliz, com qualidade de vida, romantismo e um clima campestre.

Para as cores, além do preto e branco, há um encontro de céu, sol, mar e florestas. Neutros e marrons são quebrados com toques de vivos como laranja, azul elétrico e amarelo. Cores de jóias são adicionadas com vivos elétricos. Cores claras e lavadas com tons naturais como marrom, ferrugem e vinho. O preto, púrpura e pink compostos com tons neutros e claros mais apagados são efeito luxuoso. Aparecem também cores brilhantes e adocicadas, suaves e orgânicas ou então elétricas de cores vivas e neons.

Sobre as estampas... Ah! o verão não seria completo e alegre se não fossem as estampas. Florais, patchwork, étnicas, bichos, geométricas, folhagens, marmorizados, caleidoscópio, artes, enfim, estampa é o que não falta para o verão. "

Fonte: http://www.hiperfashion.com.br/home.cfm?pagina=materia&id=565

E a democracia da moda continua... Em breve muitos mais sobre as tendências da estação.


Pamela Rey

Moda e Música lado a lado

No último sábado (24/outubro), o canal GNT, exibe em seu programa Estilo GNT, uma entrevista com o renomado estilista brasileiro Alexandre Herchcovitch.
O estilista é um dos convidados a participar da primeira edição brasileira do evento Oi Fashion Rocks e comenta a importância da música em seu trabalho.
Confira no link abaixo esta entrevista e muitas outras.


http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1136472-7822-ALEXANDRE+HERCHCOVITCH+FALA+SOBRE+A+RELACAO+ENTRE+MODA+E+MUSICA,00.html

Pamela Rey

Vicunha combina elastano aos brins com fibras naturais

A Vicunha Têxtil ampliou sua coleção de brins com fibras naturais de algodão e lançou seis artigos de textura diferenciada dentro da Linha NAT. Com o mesmo toque rústico que define os tecidos dessa família, o destaque dos lançamentos é a presença do elastano na trama para garantir conforto e versatilidade na confecção de peças mais estruturadas em fits variados. Produzida com material eco-sustentável, a Linha NAT traz para o mundo da moda e da decoração conceitos como uso racional de recursos naturais, pois dispensa processos de tingimento e lavagens com redução do uso de água e de resíduos químicos liberados. A Linha ainda resgata o aspecto “in natura” nos materiais, evidenciado pela presença de pequenas cascas de algodão na superfície do tecido. “A concepção da Linha NAT segue tendências mundiais de comportamento em um mercado cada vez mais preocupado com a preservação ambiental e consumo consciente”, afirma Renata Guarniero, gerente de Marketing da Vicunha.Recente lançamento Linha NAT com fios de elastano, o tecido Bullock traz tela, algodão com elastano . É o tecido mais leve da família MOOVE com 5,7 onças. A sua construção proporciona ao artigo um toque empapelado (paper touch) que confere às peças um visual mais refinado. O conforto da linha MOOVE aliado ao ótimo caimento do tecido dão às peças confeccionadas um look mais diferenciado. A excelente largura útil de 1,54m é outro diferencial do produto, disponível nas cartelas Reativo e Reativo Plus.Já o Bopper traz maquineta elaborada com fios de algodão no urdume e elastano na trama. Seu peso intermediário de 7,7 oz garante versatilidade ao artigo que é ideal para peças bem estruturadas em fits variados. O efeito espinha de peixe em conjunto com o intenso flamê de urdume curto permite utilizar o tecido de maneiras diferenciadas e modernas. Os tingimentos Innovare® transparecem visual de envelhecimento e conforto com toque super macio.
O Haiti Plus II apresenta sarja 2x1 ‘S’ construída por fios de algodão no urdume e elastano na trama. A maior concentração do algodão na composição garante suavidade e conforto, presentes no toque e aspecto do tecido. Seu peso médio de 7,5 oz confere maleabilidade e versatilidade na util
ização do produto em variados fits, de tops a bottons.Por sua vez o Ypoá revela o cetim construído com fios de algodão no urdume e elastano na trama. O ligamento cetim que valoriza o lado direito da peça ao refletir a luz se combina ao peso intermediário de 7,3 oz para compor um artigo i
deal a ser usado em peças sofisticadas nos mais variados fits em modelagens bem estruturadas e confortáveis.O Napoli traz sarja 2x1 ‘S’ elaborada com fios de algodão no urdume e elastano na trama. Encorpado e com peso médio de 9,4 oz, o artigo é ideal para a criação de peças modernas e bem estruturadas. O stretch oferece suavidade na textura
e caimento impecável, além de máximo conforto, o que torna o tecido ideal para modelagens que valorizam as curvas. O efeito flamê de urdume c
onfere versatilidade na confecção de saias, bermudas, calças e jaquetas.Por fim, o Ska apresenta sarja 3x1 ‘S’ construída com fios de algodão no urdume e elastano na trama. Seu peso médio de 9,4 oz garant
e visual mais encorpado ao artigo, que pode ser usado em peças modernas bem estruturadas. A grande concentração de algodão na composição oferece toque super macio e confortável. O stretch oferece suavidade na textura e conforto máximo, o que torna o tecido ideal para modelagens que valorizam as curvas.
fonte:www.abit.org.com.br
Ana Carolina Violla Basilio

vestuário infantil direciona novos investimentos

Um bilhão de peças. Este é o número que dimensiona o mercado de roupas infantis no Brasil, que apresenta crescimento médio de 6% ao ano. Somente em 2008, as confecções para os pequenos foram responsáveis por 15% do faturamento total do segmento de vestuário, o equivalente a US$ 4,5 bilhões. Mais procuradas, as peças femininas representam 70% dos itens vendidos.
Crianças posam para fotos com criações de Adriana Barra


De olho neste promissor mercado, marcas nacionais consagradas pela moda adulta passaram a investir em crianças, que cada vez mais demandam produtos diferenciados. É o caso da estilista Adriana Barra, que em outubro do ano passado criou a linha infantil Boobooska. “A coleção para crianças vem da junção de elementos que existem nas roupas que faço para as mães. Pegamos modelagens e diminuímos, misturamos tecidos existentes da coleção e tecidos vintages e assim criamos as peças para as pequenas”, explica a designer ressaltando que a maioria das roupas são feitas de matérias primas naturais.Segundo Adriana Barra, todos os produtos são criados com um objetivo: o respeito à infância. “De nada adianta colocar a roupa mais bacana do planeta se ela não deixa a criança à vontade e se não é a cara dela. Gosto de ver tudo pequenininho, mas não gosto deste universo rosinha e azul bebê. Crianças devem usar o que elas querem e não o que a mamãe quer, a não ser que ela queira também... Aí é diferente. Temos que respeitar as diferenças”, reforça.
O estilista Ronaldo Fraga desenha para os pequenos“Ronaldo Fraga para Filhotes” foi pela primeira vez às passarelas um ano depois de ser concebida, em 2003. A linha infantil chama a atenção por trazer o espírito da marca sem repetir os modelos usados pelos pais. Para os pequenos de 0 a 10 anos, muita cor, humor,

conforto, pequenas delicadezas feitas à mão e ilustradas com elementos da cultura brasileira, usando bases 100% algodão orgânico com acabamento soft e linho amassado. A marca não segue tendências. “Buscamos um universo gráfico que possa marcar a infância dessas crianças que serão os adultos que tornarão este mundo muito mais simpático amanhã”, comenta Ronaldo Fraga. A linha infantil divide araras em multimarcas que já trabalhavam a linha adulto. “Nosso maior prazer é provocar nos pais o desejo de ‘cortar os pulsos’ querendo usar as peças. Mas não adianta insistir, porque fazemos só para filhotes”, brinca o estilista.
Recentemente lançada no mercado, a linha infantil da grife Apoena surgiu como conseqüência natural da demanda de sua clientela. Para Kátia Ferreira, proprietária da marca, as principais características do produto infantil são conforto e beleza, nessa ordem. “Observamos que hoje as crianças têm uma vida social mais ampla, que pede roupas elaboradas e diferenciadas. Aliado a esse desejo temos uma fatia de mercado que comporta consumir moda de qualidade”, explica Ferreira.A linha voltada às crianças está em sua primeira edição, com coleção que faz releitura de tudo o que a Apoena já vendeu e vende. Destaque às T-Shirts com malhas de bambu, vestidos, saias, shorts, macacões. Todos os tecidos são 100% algodão e alguns com bordados são inteiramente forrados de seda pura para garantir maciez e conforto. “As roupas para as crianças não são apenas para as meninas, mas para mamães e vovós corujas. É aquela história: nos realizamos em nossos filhos. E quem não quer ver sua princesinha ainda mais linda?”, enfatiza Kátia Ferreira.
Desde 2004 a VR está presente também no mercado infantil, com a linha VR Kids. “Era um pedido antigo de muitos clientes. Detectamos essa oportunidade de mercado, pois não havia nenhuma marca voltada só para garotos”, conta Veridiana Almeida, gerente comercial da marca. A linha para os pequenos é inspirada na linha adulta, com coleções sempre adaptadas para o publico infantil, seguindo um estilo similar, urbano e casual. Segundo Almeida, a adaptação é importante para que os pequenos não ‘percam a infância’. “As roupas são adaptadas justamente para manter esse cuidado, é algo que fica muito perceptível na coleção”, conta. Para o Verão 2010, a VR Kids se inspirou na costa Amalfitana. Situada no litoral italiano, a região é um paraíso onde o mar tem diferentes tons de azuis e se mistura aos penhascos da região formando paisagens diferenciadas. O azul turquesa do mar do balneário italiano é a principal cor para a coleção, acompanhada de um colorido bem suave como os tons pastéis e o branco. As malhas, camisetas e bermudas são produzidas em malha e algodão, tecidos bem leves, que garantem o conforto. As estampas das camisas pólos e camisetas são outro diferencial, com inspiração nas escolas náuticas, brasões e escudos que simbolizam clubes esportivos.

fonte: www.abit.org.br
Ana Carolina Violla Basilio

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Moda:um espelho de mudanças no mundo.

Hoje as mulheres se vestem como nas décadas anteriores, só que sem a ideologia que essas décadas carregavam por trás dos figurinos. Ou melhor, usando justamente os figurinos para negar as ideologias anteriores.
As moças do pós-guerra cortaram seus cabelos de Veronica Lake para que estes não lhes caíssem nos olhos e elas pudessem enxergar melhor o seu recém-inaugurado métier de operárias . Veronica e seu cabelo não condiziam mais com o que a época requeria: agilidade e competência. E tanto o lindo cabelo comprido de Verônica, como ela própria, caíram em desuso, deixando de ser símbolos. O ícone da mulher moderna passou a se distanciar do feminino (ou do que se estabeleceu ser feminino). A mulher passou a se vestir de tailleur, que masculinizava o seu corpo, com enormes ombreiras que lhe fortaleciam o porte. Sapatos anabela substituíram o salto fino da mulher bibelô e o look masculino e agressivo de Marlene Dietriech passou a determinar o sucesso. Mas isso era só uma espécie de fantasia, uma fachada, já que, no comportamento, as mulheres continuavam as mesmas. Nos anos 50, os enchimentos saíram dos ombros femininos para os sutiãs, e as cinturas foram novamente apertadas por cintas que as reduziam à metade. Era a volta, outra vez, ao que se estipulou chamar de feminilidade. O símbolo dessa mulher-tanajura era Gina Lolobrigida, ditando as regras novamente de cima dos saltos finos, certamente por exigência dos homens, que já tinham voltado há muito da guerra e aos antigos preconceitos. A década de 50 idealizava a mulher numa feminilidade não só de cintura fina e saltos altos mas também de subserviência. A mulher era a dona-de-casa perfeita, que recebia o marido à noite de robe de nylon semi-transparente, sorriso nos lábios e dry-martini na bandeja, tipo Doris Day. Os vestidos ''tomara-que caia'', de barbatanas realçando o busto, e cinta pra diminuir a cintura escancaravam uma sensualidade velada, de mulheres que ainda sonhavam com o altar, uma aliança de ouro para sempre no dedo esquerdo e um marido, que, obviamente, as bancasse e cobrisse de jóias. Os homens concordavam com essas exigências e juravam o mesmo amor eterno à mulher que dedicavam à secretária, no escritório, no Centro da cidade. Em geral bonitinhas, solteiras, de cabelo ''demi de biquinho'' ou demi sem biquinho'', risonhas e, principalmente, ''cúmplices'' da senhora do patrão.
Cansadas de sorrir, fazer dry-martinis, anunciar geladeiras e máquinas de lavar na televisão, e sobretudo do golpe das secretárias, quase sempre sinônimo de amante do marido, as mulheres dos anos 60 queimaram os sutiãs em praça pública e meteram literalmente os peitos, delineados agora pela camiseta, na luta desenfreada pelos seus direitos. O direito de obter os mesmos postos que os homens nos seus trabalhos; o direito de receberem o mesmo salário; de transarem com tantos homens quanto os homens transavam com mulheres; de ter um secretário; e de rachar as despesas, já que tinham deixado de ser objetos.
As saias foram levantadas como minibandeiras coloridas, acenando a liberdade sexual conquistada com sessões de psicanálise e pílulas anticoncepcionais. Cintas e robes transparentes foram substituídos por batas indianas, que igualavam homens e mulheres no visual, trazendo para o Ocidente a descoberta libertadora da filosofia oriental, que substituía a culpa pelo prazer de viver. Os longos cabelos dos homens e mulheres foram ornamentados de flores à la Hair, numa homenagem à ecologia, que começava a se tornar ciência, pela vivencia comunitária dos hippies nos campos. Deus tinha ressuscitado entre a natureza e as portas da percepção se abriam agora pro infinito, liberando a felicidade bloqueada por preconceitos.
A descoberta da vida refletia-se também nos espelhinhos dos nossos coletes coloridos. Os vestidos amplos nos estimulavam a dançar. As experiencias lisérgicas sintonizaram-se com outras cores e sons provenientes do inconsciente e transformados em moda pela mídia. O mundo transparecia o brilho de uma descoberta holística, influenciando vestimentas, arte e decoração, que hoje voltam ao uso, como num baile de máscaras, sem nenhum compromisso, obedecendo somente ao eterno retorno, já desprovidos do antigo significado ideológico, uma vez que o sentido da moda atual é a liberdade de não conter nenhum sentido, mas de ser a retrospectiva descompromissada de todas as modas e sentidos anteriores. Sem uma cara definida, que possa fazer a mulher pagar mico diante da rapidez vertiginosa com que que moda, mídia celebridades, tribos e comportamentos se tornam obsoletos.

Fonte: http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/colunas/dahl/2004/02/05/jorcoldah20040205001.html

Shirley Neves Oliveira

A MODA NO BRASIL

Durante séculos o Brasil viveu à margem da indústria da moda internacional. Com uma indústria têxtil que movimenta cerca de US$ 33 bilhões anualmente, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil, o que corresponde a 3% do PIB, o Brasil como produtor de moda era visto apenas como fonte de exotismo e trajes folclóricos. Como consumidor, reproduzia os padrões estéticos de consumo europeus ou norte-americanos ao longo da história. Assim, o país não tem uma tradição de ser lançador nem produtor de moda. Segundo a consultora de moda Glória Kalil, o que existe no país é regionalismo, trajes típicos como o da baiana e de gaúcho, uma moda adaptada ao Brasil, com características adaptadas ao clima e ao gosto particular do brasileiro.
­No início do século 21, o panorama mudou um pouco. Para começar, houve a projeção internacional das top models brasileiras, como Gisele Bündchen, Caroline Ribeiro e Fernanda Tavares. Ao mesmo tempo, especialistas do mundo da moda da Europa e Estados Unidos descobriram que havia no Brasil uma inovadora produção de moda com qualidade e profissionalismo.
Essa projeção inicial da moda brasileira contemporânea no cenário internacional foi fruto também de uma série de ações de incentivo ao surgimento de novos estilistas no país. Em São Paulo, que tornou-se o principal pólo produtor e irradiador de uma moda contemporânea brasileira, eventos periódicos para mostrar as coleções das principais marcas e estilistas desde os anos 90 e o surgimento de cursos superiores de moda e estilismo contribuíram para essa mudança no cenário.
Apesar dos avanços, ainda há muito a ser conquistado pela moda brasileira. Segundo Francine Pairon, diretora do Instituto Francês da Moda, falta mais cores e alguma coisa mais audaciosa e menos global na moda brasileira. Para ela, os estilistas brasileiros deveriam primeiro imprimir uma personalidade mais brasileira e depois pensar em como conquistar o mercado internacional.
­ No mercado interno, a qualidade de algumas grifes nacionais tem as colocado em pé de igualdade de competição com as mais famosas marcas internacionais. O mercado de jeans para as classes média e alta é um exemplo disso. Marcas nacionais como Forum, Zoomp, M. Officer e Ellus, por exemplo, enfrentam grifes internacionais como Levi’s, Guess e Calvin Klein. A adoção por grandes redes de magazines de peças baseadas em modelos de jovens renomados estilistas nacionais, produzidas em larga escala e vendidas a preços acessíveis, ajuda também a consolidar um estilo brasileiro contemporâneo na moda usada no país.
Entre esses principais estilistas nacionais estão Alexandre Herchcovitch, Fause Haten, Marcelo Sommer, Lino Villaventura, Tufi Duek, Reinaldo Lourenço, Mario Queiroz, Glória Coelho e Ronaldo Fraga.
Antes deles, o grande nome da moda nacional foi o estilista paraense Denner Pamplona de Abreu que durante os anos 60 e 70 foi o precursor da Alta Costura no país. Para Denner, a moda brasileira deveria ser tropical, com tecidos leves e estamparias mais vivas. O estilista abriu as portas para o surgimento de outros nomes da Alta Costura nacional nas décadas seguintes como Clodovil Hernandez, Guilherme Guimarães, Markito e Ney Galvão, entre outros.

Fonte:http://pessoas.hsw.uol.com.br/industria-da-moda3.htm

Ana Carolina Violla Ramos

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A moda além do vestuário

A moda além do vestuário
Seja no Brasil ou no mundo, nas últimas décadas a indústria da moda extrapolou os limites da área têxtil e do vestuário. Desde o surgimento do estilo prêt-à-porter nos anos 50, a moda passou a influenciar outras esferas como o design e a indústria dos cosméticos e perfumaria e se fundiu a muitas áreas da indústria do entretenimento.
Numa era dominada pela sedução exercida pelos meios de comunicação de massa, através da publicidade, do culto às celebridades, da divulgação frenética de “novidades” de toda espécie - de tênis a gêneros musicais -, estar na moda não é mais simplesmente ter acesso e usar a vestimenta adequada a um estilo e a um grupo social. A moda ganhou uma nova amplitude e passou a comandar os gostos em outros campos.
Também nas últimas décadas, tornou-se mais intrínseca a relação entre o estilo de vestir e as opções de vida. A sociedade que emerge após a Segunda Guerra Mundial é mais diversificada e democrática. Assim, a juventude rebelde das décadas de 60 e 70 criou estilos de viver, vestir e de produzir arte que viraram modas específicas como o hippie, o psicodélico, o mod ou o punk (aliás, este criado pela estilista inglesa Vivienne Westwood). Nos anos 80, os jovens executivos do mercado financeiro criaram um estilo de vestir e viver que ficou conhecido como yuppie (acrônimo em inglês para young urban professionals).
Sobre esse fenômeno que a moda provocou ao longo de sua história, o filósofo Gilles Lipovetsky afirma que a moda não é nem anjo nem fera. Para ele, no império da moda há mais estimulações de todos os gêneros, mas mais inquietude de viver; há mais autonomia privada, mas mais crises íntimas. Lipovetsky afirma que tal é a grandeza da moda, que remete sempre mais o indivíduo para si mesmo, e tal é a miséria dela, que nos torna cada vez mais problemáticos para nós mesmos e para os outros.

fonte: http://pessoas.hsw.uol.com.br/industria-da-moda3.htm

Ana Carolina Violla Basílio

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Levi's aposta em campanha livre, leve e solta


A nova investida da marca que inventou o jeans é a campanha ‘Go Forth!’, ou ‘Siga em Frente’, que traz uma ideia de aventurar-se, conquistar, revolucionar e construir. Na verdade, esta é uma forma de homenagear a marca e ao mesmo tempo reinventar o espírito pioneiro para nova geração.


Adaptada para o Brasil

Com idealização da agência Wieden+Kennedy, a campanha sofrerá adaptação para o público brasileiro, pela agência ‘centoeseis’.
O interessante é a aposta da marca nos jovens e na web. A Levi’s decidiu investir em mídia eletrônica e criar novas maneiras de comunicação com seu consumidor, com o intuito de aproximação. As fotos da campanha são de Ryan McGinley.smo tempo reinventar o espírito pioneiro para nova geração.

Outra imagem da campanha brasileira

Ana Carolina Violla Basilio

Marcas Mineiras: expansão para combater crise

Com 10 lojas próprias, a Patachou aposta no mercado no DF. Além da loja que já tem no ParkShopping, em 2010 inaugura outra no Iguatemi Brasília. E a marca não para de crescer. Neste MTP, bateu mais de 200 pontos de revenda.
É a primeira vez que a grife comercializa sua coleção no salão de negócios do MTP. Até a edição passada, o lounge era menor e não comportava o showroom, então servia apenas como um espaço para agendamentos.
“Deu certo porque conseguimos fechar muitas vendas. Mostrar a coleção de verão dessa forma, com tanta antecedência, é um desafio, pois para produzir é preciso antecipar as pesquisas de materiais e conceito, mas estamos tendo um ótimo retorno”, diz Alexandre Matos, estilista da marca.



Inicialmente estão à mostra 160 itens no showroom da Patachou. Até o fim do alto-verão serão 350. A marca vende 50 mil peças por ano, todas produzidas por cerca de 25 empresas terceirizadas

Grife de moda praia refinada criada há 34 anos em Belo Horizonte, a Cila participa pela primeira vez do MTP. Consolidada em Minas, agora a marca quer expandir e vislumbra entrar no mercado de Brasília, que ainda não tem um ponto de venda da marca, que nasceu como “uma forma de protesto, já que na época um clube conservador da sociedade mineira não permitia uso de biquínis, apenas maiôs”. Os biquínis finos continuam sendo o forte da marca, mas com eles se destacam saídas de praia, vestidos leves e acessórios.

Linha day-by-day da Alphorria, a Cult também comemora o sucesso no MTP. Presente em 450 pontos no Brasil, a grife é vendida em Brasília em lojas como Iracema Torres e Ragi e atualmente negocia com a Ortiga, Monna e Stilo Chic.

Ana Carolina Violla Basilio

Fonte:
http://www.finissimo.com.br/mtp/verao2010/2009/05/02/marcas-mineiras-expansao-em-tempos-de-crise/

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O golpe de mestre da marca Chanel

Eu já tinha percebido algo pelas últimas campanhas que circulam há pelo menos um mês nas revistas de moda. Enquanto todas as marcas mostram modelos em poltronas de luxo, decoração de princesa, contos de fada... Chanel fez a campanha em preto e branco, simples, somente uma mulher em pleno campo.

Ah, Karl! Sempre em avanço como a marca, percussora desde os tempos de mademoiselle...
E, pensando bem, creio que não poderia ser diferente. Porque às vezes as vitrines nos matam de chatice. Todo mundo faz quase a mesma coisa em proporções diferentes... E como Chanel sempre frente à do seu tempo, jogava com códigos do futuro já em 1913, como poderia ser diferente?


Pois ontem, aqui em Paris, no desfile de alta costura, cheguei a levar um susto, mas logo adorei a proposta. O chique e tradicional Grand Palais foi transformado em casa de campo, para ser bem específica, uma granja. Nada foi esquecido na rústica decoração: pilhas de feno, grama, restos de verde, palha e bancos de tronco de árvores cobertos de juta acolhiam a chique platéia. O sinal do início do desfile? Uma galinha cantando “cocoricó”.

E em plena crise, (crise de tudo: moral, financeira & ecológica...) as empresas são OBRIGADAS a posicionar-se. Sem chance de recuo. E que estratégia melhor que oferecer um “retorno” a simplicidade (mesmo que esta, seja bem cara)?


Prince e Claudia Schiffer


Como sempre, a marca deverá ser o parâmetro para muitos no mundo e certamente no próximo verão de 2010, muitas coleções pelo planeta troçarão o bling-blig (superfora de moda!) pela simplicidade do artesal, como peças em crochê, tricô, florais e fuxicos (bem típico do trabalho maravilhoso desenvolvido pelo fantástico pessoal da CopaRoca, na favela da Rocinha no Rio).

Claudia, Karl Lagerferl e Virginie Ledoyen


Foi uma coleção ecológica? “A Ecologia, o Bio, é uma coisa do qual sou aderente, mas é preciso dar um toque de moda, de sofisticação”, responde o mestre Karl Lagerfeld.

Observação pessoal: no início do desfile, se escutou um galo cantar “Cocoricocó”...Para curiosidade, a primeira música que Gabrielle Chanel cantou na vida, na tentativa de trabalhar, foi num café em Moulins, a marchinha “Qui qu’a vu Coco” e repete várias vezes o refrão: “Cocoricocó”... (daí surge seu apelido “COCO”). Um verdadeiro retorno à fonte, não?

Ana Carolina Violla Basilio

Associação com a moda aumenta venda

Conheça algumas das estratégias utilizadas pela Motorola e Suvinil para incentivar o consumo de seus produtos

O conceito de moda deixa de ser aplicado exclusivamente ao vestuário e passa a atingir outros tipos de produtos. Muitas empresas vêm apostando nesse segmento para estimular a

s vendas e seus produtos, não necessariamente ligados a roupas, calçados, acessórios, ou beleza.

A associação com a moda toma emprestado os conceitos de inovação, diferenciação e exclusividade tão valorizados nesse meio. Afinal, na estratégia de Marketing há sempre o esforço de evitar o estigma de commodity para seus produtos, de forma a fortalecer o desejo do consumidor pela sua marca.

Assim como a moda é um meio de expressão e símbolo de status para muitas pessoas, os produtos que se encaixam neste universo estão ganhando uma importância maior a cada dia ao agregar esses valores.

Atributos como design, tendências, exclusividade e embalagem tornam-se conceitos essenciais para a efetivação de venda entre os consumidores, que passam a exigir atualização constante de seus produtos.

Posicionamento da Suvinil aposta em tendências de cores
Percebendo isso, a Suvinil adota desde outubro de 2006 um posicionamento onde o novo slogan "Renovar é Fácil. É só Querer" resume bem a nova direção da marca. A fabricante de tintas optou por trabalhar a sua imagem segundo o conceito de decoração, afastando-se, neste aspecto, do mercado de construção civil.

Toda a estratégia de comunicação da empresa passou a transmitir a idéia da tinta como um item barato, de fácil manuseio e eficiente no trabalho de decoração em comparação com a mudança de móveis, por exemplo. Para isso, a empresa agora trabalha com tintas que seguem a tendência de moda e que se renova a cada 12 meses. Para conseguir se aproximar deste mundo, são feitas pesquisas com expertise internacional utilizando pessoas do meio da moda e da decoração de interiores.

O trabalho é feito em conjunto com uma equipe da Suvinil que conhece e trabalha o estudo de cores no Brasil. A empresa oferece ainda serviços no ponto-de-venda que permite o consumidor preparar no local uma nova cor de tinta a partir da mistura de outras, além de ter acesso a um catálogo informando as mais recentes tendências e cartelas de combinação de cores.

Há ainda estandes onde é possível fazer uma simulação de ambiente para que o consumidor perceba a mudança que acontece com a troca de cores. "Além disso, ele pode levar gratuitamente para casa uma bolsinha de cor, de 200 ml, a ser usada como teste em uma parte da parede para que se tenha uma noção de como vai ficar o ambiente com a nova cor. Assim, o consumidor consegue no PDV e em casa ter uma idéia de como ficará a sua casa segundo as novas tendências", conta Mirian Zanchetta, Gerente de Propaganda e Promoção da Suvinil, em entrevista ao Mundo do Marketing.

O novo posicionamento foi trabalhado no novo site da marca, inaugurado em 19 de Março deste ano. De perfil de construção, agora tem um visual e conteúdo que remete à decoração. Além de oferecer dicas de arquitetos e decoradores conhecidos, como Marcelo Rosenbaum, há um simulador virtual de decoração. "Essa é a coisa mais inovadora. A ferramenta permite o usuário postar uma foto pessoal do ambiente que quer decorar e testar novas cores virtualmente. Temos ainda um banco de imagens de objetos e móveis que podem ser inseridas na foto. A partir daí, o cliente pode gravar a imagem, imprimir e levar a alguma loja, ou mesmo enviá-la a amigos pela internet. Graças a ele, temos aumentado o número de visitas ao site", diz Zanchetta, que também comemora uma maior venda, já que o consumidor é sempre estimulado a consumir a próxima tendência para não ficar defasado.

Produto como símbolo de status

Outra empresa que vem obtendo bons resultados na associação com a moda há alguns anos é a Motorola. Não é surpresa que há muitos anos o design tornou-se um fator fundamental na decisão de compra de aparelhos celulares. Percebendo isso, a fabricante americana marca presença no São Paulo Fashion Week há cinco anos, expondo seus novos produtos a um público ávido por tendências. "O consumidor de moda e tecnologia são muito parecidos. É um público fashion, que está antenando, quer conhecer e consumir as novidades", conta Andreia Vasconcelos, gerente de branding.



Para Andreia, à medida que o celular torna-se um símbolo de status e acessório de moda, associar-se a esse universo é fundamental para o marketing da empresa. "A preocupação com design e tendências de moda está no DNA da Motor

ola. Sabemos que o consumidor está exigente e quer se diferenciar. Por isso nos aproximamos da moda e suas tendências em nossa estratégia. E o retorno em awareness e branding vem sendo positivo.", completa em entrevista ao Mundo do Marketing.

Qualquer marca que quiser passar uma imagem de inovação, vanguarda, renovação ou exclusividade pode colher benefícios com essa associação, segundo Sérgio Garrido, professor do curso de Marketing de Moda da ESPM-SP. "Em principio, várias ca

tegorias podem se aproveitar da moda do momento. Até em apartamento. Tinha uma época em São Paulo que só vendia-se apartamento com lareira. Hoje, a moda é terraço com churrasqueira", conta ele.

Parceria com marcas de modas
As empresas podem ainda utilizar um nome para agregar em seus produtos. É caso da Motorola, que, além de vender aparelhos com design sofisticados e diversas opções de cores, chegou a vender uma edição limitada de aparelhos celular que levava a marca Dolce & Gabbana. A “coleção” vendeu todas as duas mil cópias disponíveis no dia de seu lançamento, na Itália.


A fabricante também lançou uma edição limitada de aparelhos com design desenvolvidos pelo estilista Alexandre Herchovitch. O expoente da moda também foi chamado pela FIAT para criar uma linha de roupas que levou o nome da marca e decorou o modelo Punto, exibido no último São Paulo Fashion Week, em janeiro.

Já a Nestlé fez uma parceria com a rede de lojas Iódice e distribuiu uma edição limitada do seu Suflair Dark para quem comprasse algum produto nas lojas. Essa é uma das abordagens que são estudadas na ESPM: a moda como meio de comunicação para divulgar a marca e os produtos de uma empresa.

Outra tática utilizada pelas empresas é criar produtos de edições limitadas, que podem ser substituídos por outros produtos semelhantes, mas nunca diferentes. Isso estimula a compra, já que oferece um diferencial para o consumidor que não se verá em outra época. "Essa é uma experiência que o pessoal que fabrica sabonete, toalhas e alimentos, por exemplo, desconhece. Os produtos, muitos ainda pensados como feitos "para sempre", sem renovação, hoje são cada vez mais renovados e ligados em tendências para estimular a venda, já que o produto que mais pode vender é aquele que combine com a moda do momento", explica o professor Garrido.

Ana Carolina Violla Basilio

Fonte: http://www.mundodomarketing.com.br/8,4130,associacao-com-a-moda-aumenta-venda.htm

Reposicionamento de marca requer estratégia

Reformulação deve ser cuidadosa para evitar perda de identidade

No varejo, não é possível ficar parado nunca. Atualizar a coleção, ter atenção ao público e pensar em reposicionamento da marca são pontos com os quais os empresários devem se preocupar constantemente. Entretanto, na hora de reposicionar ou reformular a loja é preciso atenção para não perder a identidade e a proposta original da marca. Alguns especialistas do setor acreditam que, mesmo com cautela, não é possivel reposicionar a marca sem perder identidade.

Há 20 anos no mercado, a Redley atravessa a fase de transição. Antes voltada exclusivamente para o surfwear adolescente, hoje a marca tenta conquistar um novo público. "Estamos investindo em jovens de 22 a 29 anos, mas isso não significa que deixaremos de atender nosso antigo público", explica Winnie Colvin, diretor de marketing da empresa. O estilo Redley continua focado em praia e esportes, porém a loja cria essa moda sobre a ótica de um público mais velho.

Queremos manter nosso público antigo, entretanto, não estamos mais desenvolvendo produtos focados para eles. Percebemos, desde 2000, que a loja precisava se reposicionar no mercado. Agora estamos entrando em um segmento que ainda é pouco explorado, a moda praia para jovens adultos explica Colvin. A Redley pretende ousar mais nas coleções e criar estilos. "O cuidado é para não perder a identidade. Continuamos ligados à moda praia, mas agora de uma forma mais amadurecida e para um público também mais maduro", frisa Colvin. O reposicionamento no mercado inclui a mudança na comunicação visual e na arquitetura das lojas e a abertura de três novas unidades no Shopping da Gávea, em Ipanema e no Shopping Leblon.

Objetivo é atingir público mais jovem

A rede Mademoiselle, antes focada em senhoras, segue o caminho oposto da Redley. A marca também busca reposicionamento, mas o objetivo é atingir um público mais jovem. "Estamos inovando na coleção, mas sempre com cautela para não perder nossas clientes", diz Márcia Rocha, supervisora geral da rede. A marca está no mercado há 63 anos e sempre foi focada em senhoras. Hoje, além das senhoras, a Mademoiselle quer conquistar as mais jovens que procuram por roupas clássicas, mas inovadoras.

Como temos clientes mais conservadoras precisamos avançar com cuidado. Há duas coleções introduzimos o jeans, que foi um sucesso de vendas comenta Márcia. A proposta da marca é investir em produtos com cara mais jovem, acompanhando a tendência da moda. "Essa mudança, entretanto, será vagarosa. Precisamos ir com cautela para não assustar nosso público, que é formado, essencialmente, por jovens senhoras conservadoras", diz Márcia. A pretensão da rede é mostrar para essas senhoras que é possível ser clássica e conservadora acompanhando a moda. Apesar de o investimento ser nas coleções, a rede também está investindo em projetos arquitetônicos inovadores e visual mais criativo.

No varejo é fundamental acompanhar o mercado de moda. "Não é possível parar no tempo. Indicamos mudanças no layout das lojas e na própria identidade. Algumas redes não sobrevivem às modificações do mercado, por isso é preciso se atualizar sempre", analisa a consultora de varejo Daniela Freitas. Seguindo esse conceito, o Cantão passa hoje por uma atualização. "Diferentemente da Redley (empresa do mesmo grupo do Cantão), o Cantão não busca um reposicionamento. Não estamos focando em outro em público, estamos atualizando a marca e buscando diferenciações em relação à concorrência", afirma Thomas Simon. A loja, antes voltada para adolescentes, foca sua coleção nas mulheres de 25 a 29 anos. "Isso não quer dizer que não atenderemos outras idades. O Cantão é democrática e vale para todas as mulheres", completa o empresário, acrescentando que a marca evoluiu ao longo dos 40 anos de mercado.

O professor do FGV Management e coordenador do livro "Gestão de Produtos e Marcas", Hélio Arthur Irigaray acredita que é impossível reposicionar uma marca e manter o mesmo público. "Se foi preciso esse reposicionamento, algo não estava dando certo", diz. Se o objetivo for conquistar um público maior, o professor recomenda que as marcas criem extensões, como a Gap Kids, por exemplo. "Não queremos mudar a marca, nem perder a identidade, estamos incrementando nossos produtos e serviços para continuar atendendo bem as clientes", argumenta Márcia, da Mademoiselle.

O mesmo acontece com a Le Postiche. Segundo Alessandra Restaino, diretora comercial da empresa, há alguns anos a marca fez uma pesquisa no mercado consumidor e percebeu que os produtos Le Postiche tinham credibilidade, entretanto, seria preciso rejuvenescer a marca. A partir daí a empresa começou a investir em novos projetos arquitetônicos e, até mesmo, no perfil dos vendedores. "A marca tem credibilidade. Agora estamos focando no design. Queremos oferecer produtos com qualidade, bom preço, estilo e de acordo com a moda", diz.

Ana Carolina Violla Basilio

Fonte: Jornal do Commércio Brasil - RJ